Venho aqui falar um pouco do Marins...
Tenho um carinho especial por essa Montanha.
Vendo um monte de pessoas novas nas trilhas, ansiosas para conhecer esse mundo que é o
Montanhismo. Lembro-me deste lugar onde tudo começou....
O Marins é um lugar único em São Paulo, pois demonstra o verdadeiro aspecto de uma montanha.
É um lugar pobre, não tem uma riqueza de vida, onde nós, pobres humanos tentamos vencer os limites para sobreviver neste ambiente inóspito.
A única preocupação é da sobrevivência, diferente de nosso dia a dia, onde precisamos de dinheiro para sobreviver.
Nos preocupamos com a água, com o caminho a ser seguido, com o ponto de acampamento, com o nosso corpo.
Respeitando sempre a montanha e os limites que nos é dado.
Diferente de nosso cotidiano.
Acredito que o Respeito seja o requisito principal de um Montanhista. Primeiramente com a
montanha, depois com o seu corpo, depois com seus amigos de caminhada.
Os novatos vão perceber que o montanhismo não é nenhuma corrida, onde colocamos as mochilas e corremos para o cume. É uma imensa e deliciosa viajem, onde curtimos cada ponto de parada, cada vista, cada conversa com o amigo ao lado ou na fila indiana.
Falando em cume, sempre me falaram que ele é somente o meio do caminho. Temos a descida, que sempre é dolorosa. Contudo, o cume é o melhor presente da montanha.
A vista é linda, a paz e sintome próximo de Deus.
Aprendi que cada um tira uma lição da Montanha.
A minha primeira vez no montanhismo, percebi que alguns adoraram, outros acharam normal e
outros odiaram.
Sempre me falaram sobre o bicho da montanha, que quando pica, você nunca esquece ela.
Acho que esse bicho existe no Marins.
Ao contrário do mercado de trabalho, a experiência conta muito no Montanhismo.
Trabalho na área de informática, estava conversando com dois grandes amigos, comentando que quando vamos ficando velhos, somos substituídos profissionalmente por mais novos.
No Montanhismo é difícil ver alguma pessoa inexperiente, ou nova de idade, escalando uma montanha de grande altitude. Veja a idade das pessoas que escalam o Everest ou K2.
Então o único jeito de aprendermos é vermos e respeitarmos os mais experientes.
A fraternidade é obrigatória neste meio. Nunca vi um Montanhista negar ajuda.
Mesmo com sede, a água pode ser dividida.
Nunca vi ninguém ficar para trás, mesmo a pessoa estando cansada, um Montanhista fica ao lado motivando a continuar a sua jornada.
Presenciei um fato maravilhoso na Serra do Papagaio, duas expedições encararam fazer essa travessia. Uma com apenas 3 ou 4 pessoas outra com 8 ou 9. As duas seguiram isoladas, sem se
misturar. Mas as duas se juntaram na hora do aperto. Dividindo comida na janta, fazendo um recolhe para ver o que dava para fazer na janta.
Devo muito ao Montanhismo.
Tirei uma grande experiência deste lugar.
Aprendi que não precisamos de muito para ser feliz.
Não senti falta de luz, televisão, internet, cerveja (Forcei nesta...)...
Apenas com uma mochila nas costas, fui muito feliz.
Acredito que todos que vão subir uma montanha a primeira vez, subam com esse espírito. Um
mundo de novas experiências e amizades vão se abrir.
Falar em Amizades... Tantos amigos que fiz no montanhismo.
Não vão faltar aventuras, trilhas para bares, boas lembranças.
Na montanha cruzamos com vários tipos de pessoas, sempre respeitando cada um.
Encontramos os Mestres, os Poetas, os Palhaços, os Filósofos... cada tipo!
Mas o amor a Montanha une todos.
Vou confessar... Um dia vou fazer isso!
Quando estou no cotidiano, trabalhando, sempre penso na Montanha.
Sinto uma imensa vontade de largar tudo e viver no Montanhismo.
Espero que todos que vão iniciar neste Mundo, estejam aberto a essa experiência.
Aos que já subiram várias vezes, sempre é bom estar ao lado ou em cima da Montanha.
Passos Firmes!